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segunda-feira, 17 de maio de 2021

(O QUE ACONTECEU COM A HAFATARÁ DE JESUS?

 WHAT HAPPENED WITH JESUS’ HAFTARAH?


(O QUE ACONTECEU COM A HAFATARÁ DE JESUS?)

Foi recentemente publicado um artigo pelo Jornal israelense Haaretz, que trata de um assunto polêmico, mas que precisa ser debatido. Muitos estudiosos e pesquisadores das Escrituras, em específico aqueles que se especializaram sobre o Novo Testamento, vinham questionando algo interessante.

lguns sabem que há uma tradição milenar no judaísmo, que é a leitura de porções dos profetas após a leitura pública da Torá (Pentateuco). Estes textos previamente selecionados dos escritos proféticos são chamados de Haftará. Uma das fontes mais antigas, que descreve ocasionalmente esta tradição judaica, está maravilhosamente preservada em um texto do chamado Novo Testamento, em específico em Lucas 4:16-20 que diz:

“Indo [Yeshua/Jesus] para Nazaré,[sobre Nazaré aqui um link] onde fora criado, entrou, num sábado [Shabat], na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Então lhe deram o rolo do profeta Isaías, e abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres […] tendo fechado o rolo, devolveu-o ao assistente [chazan] e sentou-se …” .

Este texto fascinante, demonstra com clareza que Yeshua (Jesus) fez a leitura pública do rolo do profeta Isaías na sinagoga em um Shabat. O que fazia Ele na ocasião? Nada mais, nada menos, que a antiga e boa tradição judaica da leitura da Haftará, já mencionada.

Porém, o problema que alguns estudiosos observaram ao ler esta narrativa, foi: Que trecho é este que Yeshua leu? Ora o texto lido por Ele advém em específico do capítulo 61:1 e 2 do livro do profeta Isaías. Daí surgiu outra questão: Se a leitura das porções dos profetas (a Haftará) é selecionada antecipadamente, em uma tabela oficial. Quando esta leitura é ou era feita na sinagoga? Esta dúvida permaneceu durante muito tempo sem uma resposta satisfatória.

Sabe-se que a leitura oficial dos profetas é determinada por uma escala elaborada pela tradição dos rabinos. Assim vem sendo orientada por centenas de anos. Mas, o que se percebe no caso de Yeshua, é que o texto lido por ele, não se encontra na escala de leituras do judaísmo atual. Por quê? Há algum erro no Novo Testamento? Há os que sustentam este argumento, porém, esta não é a resposta adequada. Teria então, a lista de leitura das Haftarôt (plural de Hafatará) sofrido alguma alteração, por parte de alguns rabinos ou decretos rabínicos?

Foi publicado pelo jornal israelense já mencionado, um artigo intitulado em inglês como: “What happened to Jesus’ Haftarah?” de autoria de Hananel Mack1, cuja informação é no mínimo intrigante. Produto sem dúvida de uma mente crítica e atenta a possíveis falhas na bela estrutura do judaísmo, imprecisões que precisam ser criticadas e discutidas, ao invés de serem friamente aceitas.

O que o autor do artigo propõe, é que existem raras referências na tradição judaica, que podem dar alguma pista de quando exatamente surgiu a prática da leitura dos profetas nas sinagogas. Há obviamente os que argumentam que esta nasceu no período dos Macabeus (166-63 A.E.C.), porém o autor deixará claro que estas evidências históricas ainda são questionáveis. O curioso é que ele recorrerá a fontes, inusitadas para o judaísmo, que provam a existência desta prática já na época do II Templo. Incrivelmente um dos documentos, demonstrado pelo autor, que descreve a leitura da Haftará no I século E.C., está no chamado Novo Testamento. Um trecho é o que narra a leitura pública do profeta Isaías por Yeshua (Jesus) na sinagoga de Nazaré e outro é o que está preservado no livro de Atos dos Apóstolos capítulo 13. Estas são claras evidências de que tal prática era comum na época do II Templo, tanto em Israel como na Galút (diáspora).

O quê autor questiona é que, como já fora introduzido, não há menção deste trecho do profeta Isaías (lido por Yeshua) na lista oficial de leituras da Haftará do judaísmo recente. Logo, vem a pergunta: O que aconteceu então, com a Haftará que Jesus leu na sinagoga de Nazaré?

EXCLUSÃO DELIBERADA DE TEXTOS MESSIÂNICOS

Para o autor israelense houve uma exclusão deliberada por parte de líderes religiosos judeus da diáspora, principalmente em redutos judeus onde havia uma cultura predominantemente cristã. Para ele houve uma iniciativa da elite religiosa judaica em REMOVER os textos em que YESHUA poderia ser identificado ou associado ao Messias.

A curiosidade é que os capítulos 60, o final do 61, o capítulo 62 e 63 do profeta Isaías, estão na lista de leitura da Haftará. Mas, estranhamente, o início do capítulo 61, que fora lido por Yeshua em Nazaré, não está na lista. Segundo o autor, na verdade o texto lido por Yeshua fora excluído arbitrariamente.

Esta inferência apresentada por Mack não foi produzida sem fundamentos. Baseia-se na antiga lista de leitura de Haftarôt encontrada na Guenizá2 da sinagoga do Cairo. De fato, o referido texto (Isaías 61:1 e seg.) era lido na Haftará desta antiga comunidade do Norte da África. Por quê? Porque as comunidades judaicas desta região, não tinham contato com os debates sobre Yeshua (Jesus) e o judaísmo, afinal eram locais onde havia predominância religiosa islâmica. Não havia conflito entre a cultura local e a estrutura litúrgico-teológica do judaísmo nestes locais. Não havia nada, a priori, no Islã que poderia por em risco a fé judaica.

Em suma, o que o autor tenta demonstrar é que houve um esforço no judaísmo ocidental (que logo se espalhou para o restante do mundo judaico) de excluir textos que eram tradicionalmente usados por cristãos como textos prova a respeito de uma possível “messianidade” de Yeshua. Estes eram os chamados textos messiânicos.

Todos os textos abaixo foram excluídos deliberadamente da tradição judaica, por motivos óbvios. O interessante é que a leitura atual da Haftará engloba ou versos ou capítulos, antes ou depois destes trechos, mostrando claramente a resistência do judaísmo em inserir em sua liturgia textos messiânicos.


ALGUNS TEXTOS EXCLUÍDOS PELA TRADIÇÃO JUDAICA DA LEITURA DAS HAFTARÔT:

ISAÍAS 7:14 – “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel”.

ISAÍAS 52:13 e 14  “Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens)”.

ISAÍAS 53:1-6 – “Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”.

ISAÍAS 42:1-7 – [Mateus 12:17“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios. Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito. Não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina. Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao povo que nela está e o espírito aos que andam nela. Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os gentios; para abrires os olhos aos cegos, para tirares da prisão o cativo e do cárcere, os que jazem em trevas”.

JEREMIAS 31:31-33: “Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”.

OSÉIAS 11:1 – “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho”.

MIQUÉIAS 5:2 – “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.

ZACARIAS 9:9 – “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta”.


Parece meio óbvio, que estes textos tenham sido excluídos da leitura pública da tradição judaica, fica evidenciado que estas profecias têm profundas implicações de ordem messianológica, em favor de Yeshua como única pessoa histórica que se tem relato textual que cumpriu, ou pelo menos teve algum vínculo com estas profecias. O que se vê é um esforço deliberado contra a figura de Yeshua (Jesus) como Messias.

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Fonte:http://www.haaretz.com/hasen/objects/pages/PrintArticleEn.jhtml?itemNo=611676

Tradução: Igor Miguel

2Guenizá Æ Um compartimento específico em sinagogas, para abrigar livros danificados, ou documentos que não estão em perfeito estado de conservação. Na tradição judaica, livros sagrados, mesmo em condições questionáveis, não podem ser lançados fora. Estes documentos permanecem em compartimentos específicos sem tempo determinado, neste caso, esta lista “diferente” de Haftarôt, fora encontrada na Guenizá de uma sinagoga do Cairo (Egito).

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A questão sobre o nome de Jesus

Pr. Ezequias Soares
O nome Jesus vem do hebraico (Yehoshua) – “Josué”, que significa “Iavé é salvação”. Josué era chamado de Oshea ben Num “Oséias, filho de Num” (Nm.13:8). Moisés mudou seu nome para Yehoshua bem Num (Nm. 13:16). A Septuaginta (tradução grega do VT) usou o nome Iesus para Yehoshua; Portanto Iesus é a forma grega do nome Yehoshua. Depois do cativeiro de Babilônia, o nome Yehoshua era conhecido por Yeshua. Em Ne. 8:17 Josué era chamado Yeshua ben Num. Yeshua é o nome hebraico para Jesus, até hoje em Israel. Isso pode ser comprovado em qualquer exemplar do Novo Testamento hebraico.
É verdade que nome não se traduz, mas se translitera conforme a índole de cada língua. Os nomes Eva, David e outros levam a letra “v” em hebraico, aparecem como Eua, Dauid, nos textos gregos. No grego moderno a letra beta (b) na antiguidade, hoje é v. Hoje se escreve Dabid, para David, e Eba para Eva. Há nomes que permanecem inalteráveis em outras línguas, mas não são todos. O nome João, por exemplo, é Yohanan, em hebraico; Ioannes, em grego; John, em Inglês; Jean, em frances; Giovani, em italiano, Juan, em espanhol; johannes, em alemão. E assim por diante, isso ocorre em vários nomes. Há nome que mudam substancialmente de uma língua para outra. Eleazar, em hebraico, é Lázaro em grego. Elizabete é a forma hebraica do nome Isabel. O argumento, portanto, de que o nome deve ser preservado na forma original, em todas as línguas, é inconsistente, sem apoio bíblico.

Jesus Cristo ou Yeshua Hammaschiach?

Jesus Cristo ou Yeshua Hammaschiach? 
Resposta a questões formuladas pelo Pastor Josué Breves Paulino, redigida pela Comissão de Tradução, Revisão e Consulta da Sociedade Bíblica do Brasil e lida e aprovada em reunião plenária de 30 de maio de 1995.
Observe-se inicialmente que não tem cabimento a afirmativa de que o nome Jesus é de origem grega e não hebraica. Esse nome, transliterado para o grego como Iesous, é hebraico e vem de Yeshua” (as aspas representam a letra ayin). A forma plena da palavra é Yehoshua”, que, a partir do Cativeiro, passou a dar lugar, geralmente, à forma abreviada Yeshua”. Até o começo do segundo século d.C. Iesous (Yeshua”) era um nome muito comum entre os judeus. Na Septuaginta, versão do Antigo Testamento que os judeus fizeram entre os anos 285 e 150 a.C., do hebraico para o grego, o nome Iesous aparece para referir-se tanto a Josué (quatro indivíduos) como aos oito Jesua mencionados em Esdras e Neemias.
Iesous não é nome de nenhum deus da mitologia grega, tanto que não aparece em nenhum clássico grego. Ver, por exemplo, o Dictionaire Grec-Français (1.868 páginas), de C. Alexandre, que, no apêndice de nomes históricos, mitológicos e geográficos, traz no verbete Iesous apenas o seguinte: “Jesus, nome hebraico.”

Agora, em ordem, as respostas às questões propostas. 
1. De fato, em hebraico não existe o som j. Como, então, aparece essa letra em nomes bíblicos em quase todas as línguas com as quais estamos familiarizados? O que aconteceu foi o seguinte: os judeus da Dispersão, empenhados em traduzir as escrituras hebraicas para o grego (a Septuaginta), não encontraram nessa língua uma consoante que correspondesse ao yodh do hebraico, e a solução foi recorrer à vogal grega iota, que corresponde ao nosso i. Então escreveram Ieremias, começando com i, e assim por diante, inclusive Iesous.
Mas como foi que esse i se tornou j? Foi através do latim, que deu origem às línguas neolatinas, entre as quais está o português. No latim posterior à Idade Média começou a aparecer na escrita a distinção que já existia na pronúncia entre o i vogal e o i consoante, o qual passou a ser grafado j. Por isso, ao abrir o Dicionário Latim-Português, de Santos Saraiva, você vai encontrar um verbete que começa assim: Iesus ou Jesus; e este outro: Ieremias ou Jeremias; e outros semelhantes.
2. Yehoshuah termina com o som de AH; de onde se originou o us em Jesus? Observe-se, primeiro, que o final desta palavra não é AH (qamets seguido de he), mas a” (pathach seguido de ayin; as aspas representam o ayin): Yehoshua”.
Em segundo lugar, Jesus não se deriva de Yehoshua”, mas da forma abreviada Yeshua”, como explicado anteriormente (ver, por exemplo, Ed 2.36). O a que precede o ayin é um pathach furtivo (ver Gramática Hebraica, Guilherme Kerr, # 18.7).
O s final em Jesus se explica pela necessidade de tornar esse nome declinável: os judeus substituíram o ayin final por um sigma (o s grego) do caso nominativo. Nos outros casos a palavra se declina assim: Iesou (genitivo), Iesoi (dativo), Iesoun (acusativo) e Iesou (vocativo). Com isso mataram-se dois coelhos com uma só cajadada: o nome ficou declinável, e o ayin final, que não tem equivalente em grego, foi substituído por um sigma (s).
Fato semelhante se deu com Judas, que reflete a forma grega Ioudas, que em hebraico é Yehudah (Judá). Outros nomes hebraicos que terminam com a gutural he tem em grego, em latim e em português no final o som s: Isaías, Jeremias, Josias, Sofonias et al. Outro exemplo é o vocábulo Mashiach, que termina com a gutural sonora cheth (ch), a qual em grego, em latim e em português deu lugar ao som s: Messias.
3. O Novo Testamento foi originalmente escrito pelos apóstolos em hebraico ou aramaico e posteriormente traduzido para o grego? A resposta é: não. É possível que algumas coleções de ensinos de Jesus, escritas em aramaico (as chamadas logia), tivessem circulado entre os cristãos e servido Mateus e Lucas ao escreverem os seus evangelhos. Mas nenhum manuscrito dessas logia foi encontrado até hoje. O tradutor do Novo Testamento não pode basear-se em textos hipotéticos. Os livros do Novo Testamento foram todos escritos em grego coiné, e é no texto grego que se têm baseado as traduções que têm sido feitas através dos séculos.
4. Os originais das Escrituras, especialmente o Novo Testamento, foram destruídos pelas guerras, especialmente na destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.? Resposta: Não existe nenhum manuscrito autógrafo de nenhum livro da Bíblia. Tanto no caso do Antigo Testamento como no do Novo, o que temos são cópias feitas através dos séculos. Especialistas cotejam e avaliam cientificamente estas cópias com o objetivo de se chegar o mais perto possível dos textos autógrafos. Cópias dos manuscritos hebraicos e dos gregos foram feitas nos países do mundo bíblico, o que assegurou a sua preservação através dos séculos.
5. Jerônimo. A citação [de uma carta de Jerônimo ao papa Dâmaso temendo ser acusado futuramente de falsário por impetrar diversos acréscimos, mudanças e correções nas Escrituras] é breve demais e deve ser comprovada com indicação de fonte. E mais: citações fora de contexto podem levar a conclusões apressadas e falsas.
6. Lucas 23.38. Sobre leitura duvidosa não se devem basear argumentos, e este é o caso aqui. As palavras “em letras gregas, romanas e hebraicas” não aparecem nos melhores e mais antigos manuscritos e por isso estão ausentes de traduções modernas, como a Bíblia na Linguagem de Hoje, a Nova Versão Internacional e a Bíblia de Jerusalém. A Almeida Revista e Atualizada põe essas palavras entre colchetes (ver Bruce Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament, 2a. ed., 1994, págs. 154 e 217). Em João 19.19-20, todavia, diz-se que “estava escrito assim em hebraico, latim e grego: ‘Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus’”. Então o nome de Jesus não foi apenas transliterado: foi escrito na forma corrente de cada uma das três línguas. Em hebraico foi Yeshua”, como fez F. Delitzsch na sua tradução do Novo Testamento do grego para o hebraico. Em grego foi Iesous, e em latim, Iesus.
Também não se sustenta a afirmativa de que nome próprio não pode ser traduzido. Geralmente nome próprio não se traduz; às vezes, sim. Foi o que aconteceu com Simão, a quem Jesus disse: “O seu nome é Simão… de agora em diante o seu nome será Cefas (que quer dizer Pedro)” (João 1.42). Cefas é palavra aramaica que quer dizer “pedra”. Pedro é em grego Petros, que quer dizer “pedra”. E esse nome, resultado de tradução e não de transliteração, foi o que se tornou mais comum, e baseado nele foi que Jesus construiu o trocadilho registrado em Mateus 16.18.
7. Como o nome Yehoshua” se tornou Jesus (fonética histórica)? Resposta: Já vimos que o vocábulo Jesus não se deriva diretamente de Yehoshua”, mas da forma abreviada Yeshua”, através do grego e do latim. A consoante inicial J foi explicada acima, no item 1. Agora, o s médio em Jesus. No vocábulo hebraico Yeshua”, o grupo sh representa a consoante shin. Por não haver em grego som correspondente a essa consoante fricativa palatal, que soa como xis em eixo, os judeus a substituíram por sigma, também fricativa mas línguodental, que em grego, mesmo entre vogais, soa como ss. O ditongo grego ou soa u. E o aparecimento do s final foi explicado no item 2, acima. A evolução do termo de uma língua para outra é a seguinte: Yeshua” (hebraico) > Iesous (grego) > Jesus (latim) > Jesus (português).
Finalmente, é preciso esclarecer que, para o leitor, o real significado dos nomes não é assegurado pela sua transliteração. Primeiro, há um problema insuperável na transliteração, que é o da falta de equivalência de alguns sons nos alfabetos das duas línguas. Isso, em se tratando do hebraico, é verdade em relação ao tau sem daghesh, à pronúncia do mem e do nun finais e das guturais he, cheth e ayin. O ayin só os orientais são capazes de pronunciar corretamente. Depois, suponha-se que na tradução do Novo Testamento imprimíssemos Yeshua” Hammashiach em lugar de Jesus Cristo. Será que isso asseguraria a manutenção do “real significado expresso no original”? É evidente que não. Isso apenas causaria uma confusão total na mente dos leitores. No emprego do nome Jesus Cristo os escritores dos livros do Novo Testamento dão o exemplo a ser seguido pelos tradutores de hoje: eles usaram o nome grego popularmente corrente – Iesous – para indicar o hebraico Yeshua”. O título Christós, que passou a ser nome, foi traduzido pelos apóstolos do hebraico para o grego. Ver, por exemplo, João 1.41, passagem em que André diz a Pedro: “Achamos o Messias. (Messias quer dizer Cristo)”. É que leitores do Evangelho de João não sabiam o que queria dizer Messias, mas sabiam que Cristo queria dizer ungido. O tradutor hoje deve distinguir entre Cristo como nome unido a Jesus e Messias como título de Jesus. Como vimos, isso é claro em João 1.41. E também em Mateus 16.16: “O senhor é o Messias, o Filho de Deus.” Mas nem essa maneira de traduzir é suficiente para transmitir ao leitor o sentido mais profundo do original. Então, um dos recursos usados é a colocação de nota marginal onde for o caso. Por exemplo, em Mateus 1.21 a Bíblia na Linguagem de Hoje [fora de prelo] tem uma chamada na margem, assim: “Jesus quer dizer ‘O Deus Eterno salva’”. Já no caso de Messias, o recurso usado é outro: o asterisco juntado a essa palavra encaminha o leitor ao Vocabulário, onde se lê: Messias – o Salvador prometido no Antigo Testamento. Messias (hebraico) é o mesmo que Cristo (grego) e quer dizer “Ungido”. (Ver UNGIR). Nesse último verbete explica-se o que é a unção.

Sugestão bibliográfica
Roger L. Omanson, “What´s in a Name?”, The Bible Translator, Nova Iorque, United Bible Societies, janeiro de 1989, p. 109-119.
Idem, “Lázaro y Simón”, Traducción de la Biblia, Miami, Sociedades Bíblicas Unidas, 1o. Semestre de 1995, p. 13-17.
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As Testemunhas de Yehoshua

História e doutrina
Um novo movimento está surgindo entre o povo, denominado Igrejas de Deus das Testemunhas de Iehoshua, conhecido também por Testemunhas de Iehoshua. Fizemos um levantamento sobre esta nova seita, pesquisamos seu material (algumas apostilas) e entrevistamos, via telefone, o fundador da nova religião. O movimento foi fundado em 1987, em Curitiba, PR, por Ivo Santos de Camargo. O fundador não possui formação teológica formal. Diz que estudou hebraico durante dois anos, após a suposta revelação.Atualmente dirige a Igreja, segundo ele, com cerca de 100 membros. Afirma que seu movimento está do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte.
O fundador afirma nunca pertencer a uma igreja evangélica, mas diz haver visitado algumas delas. Diz que recebeu uma revelação de Deus sobre a pronúncia exata do tetragrama (nome divino, as quatro consoantes [YHWH] e que esse nome é o mesmo do Salvador. Segundo o fundador, o nome “Jesus” é uma abominação, é o paganismo do catolicismo romano. O nome que veio do céu, diz, é Iehoshua. Afirma ainda “ser filho direto da revelação”, portanto sua ordenação é direta com Deus. É contra a todas as igrejas evangélicas, admite que a salvação depende do conhecimento e da revelação do nome Iehoshua, e mesmo assim, dentro de sua organização religiosa.
Os adeptos do referido movimento, sob a orientação de seu fundador, negam a doutrina da Trindade, embora defenda a deidade absoluta de Jesus. É o sabelianismo modal, como a Igreja Local de Witness Lee e a Igreja Voz da Verdade, do conjunto musical de mesmo nome. São sabatistas, defendem a guarda do sábado, como os adventistas do sétimo dia. Defendem duas categorias de salvos, mais ou menos como as Testemunhas de Jeová: Os cristãos salvos vão para céu, exceto os judeus, assírios e egípcios, estes herdarão a terra. São exclusivistas como as demais seitas pseudo-cristãs.
Os adéptos da nova seita costumam visitar os templos evangélicos em grupos, para tumultuar o ambiente. Um membro do grupo pergunta ao pregador sobre Iehoshua e Jesus. É óbvio que dificilmente vai encontrar alguém que saiba hebraico, nem elas mesmas o sabem, são pedantes. Quando o pregador se embaraça os demais membros do grupo começam a gritar criando uma verdadeira balbúrdia no culto. São proselitistas. Estão preocupados em arrebanhar os cristãos evangélicos, pois são pescadores de aquários.
É uma seita inexpressiva e seus argumentos só podem convencer as pessoas mais simples e os incautos. Suas crenças são inconsistentes e de uma pobreza franciscana. É bom lembrar que C. T. Russell, fundador das Testemunhas de Jeová, começou com suas idéias subjetivas, posteriormente transformando suas ficções em “verdades”, pelo processo de lavagem cerebral. Sua religião conta hoje com quase seis milhões de adeptos em todo o mundo. A Igreja do final do século passado e do início do século vinte subestimou o tal grupo. Com o trabalho ferrenho de casa em casa, aos poucos eles vão crescendo.
Se as igrejas da atualidade subestimarem a seita Testemunhas de Iehoshua, poderemos ter o mesmo problema no futuro, pois a mentira repetida vinte vezes se torna “verdade”, como dizia Mussolini. Apesar das crenças dessas seitas serem ficções, doutrinas subjetivas, sem base bíblica, todavia elas estão fazendo proselitismo. O povo precisa saber que a crença delas é um combate contra o Cristianismo bíblico.

JESUS OU IEHOSHUA?
Origem do nome
O nome Jesus vem do hebraico (Yehoshua) — “Josué”, que significa “Iavé é salvação”. Josué era chamado de Oshea ben Num “Oséias filho de Num” (Nm 13.8; Dt 32.44). “Oshea” significa “salvação”. Moisés mudou seu nome para Yehoshua ben Num “Josué filho de Num” (Nm 13.16).
A Septuaginta usou o nome (Iesus) para Yehoshua, portanto Iesus é a forma grega do nome Yehoshua, exceto I Cr 7.27, que transliterou por (Iousue) — “Josué”. Depois do cativeiro de Babilônia, o nome Yehoshua era conhecido por (Yeshua). Em Neemias 8.17 Josué é chamado Yeshua ben Num. Yeshua é o nome hebraico para Jesus até hoje em Israel. Isso pode ser comprovado em qualquer exemplar do Novo Testamento hebraico.
O sumo sacerdote Josué, filho de Joazadaque, é chamado em hebraico simultaneamente de Yeshua (Ed 3.2, 8; 4.3; 5.2; Ne 7.7) e Yehoshua (Ag 1.1, 12, 14; 2.2, 4; Zc 3.1, 3, 6, 8, 9; 6.11). Embora nossas versões usem Jesua (Almeida Corrigida, Atualizada e Contemporânea) Jesuá (Revisada) Jeshua (Brasileira), contudo a Septuaginta não faz essa distinção — Usa Iesus para ambos. Iesus é o nome do Messias, o nosso Salvador, registrado no Novo Testamento, que chegou para nossa língua como Jesus.

O NOME YEHOSHUA

O que as Testemunhas de Jeová fazem com o nome “Jeová”, assim o fazem as Testemunhas de Yehoshua com relação ao Deus-Pai e ao Deus-Filho. O fundador disse que recebeu uma revelação de que a pronúncia correta do tetragrama não é Jeová, Javé, Iahweh e nem Yehovah, mas Iehoshua. Agora procuram justificar esta “descoberta” em Êx 23.20, 21, que diz: “Eis que eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho e te leve ao lugar que te tenho aparelhado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebelião; porque o meu nome está nele”. Afirma que esse Anjo é Josué, com base na expressão: “o meu nome está nele”. Como o nome “Josué” em hebraico é Yehoshua assim explica sua teoria.
Negando a doutrina bíblica da Trindade afirma que Iehoshua é o nome do Deus de Israel, revelado no Velho Testamento, e que esse nome é o mesmo do Messias, que deve ser invocado por “Iehoshua” e não por “Jesus”. Segundo eles: “Jesus é o nome que os papas introduziram nas Sagradas Letras, blasfemando do nome que veio do céu”. Em outra literatura diz: “No fim do III século da era cristã, quando o bispo Jerônimo traduziu as Escrituras para o latim, a língua oficial do império romano. Nesta ocasião o nome original IERROCHUA foi substituído pelo nome grego-romano (IESOUS)”.
É pena que essas vítimas estejam tão mal-informadas. Há textos do Novo Testamento anterior a data apresentada pela seita, que mostram que a infirmação dessas vítimas não é verdadeira. Por exemplo: Os papiros 45, 46 e 47, conhecidos como Chester Beatty, que se encontram atualmente no museu Beatty, em Dublin, Irlanda, são do início do terceiro século, e trazem a forma abreviada de (Iesus) — IS ou IC. Da mesma forma os Papiri Bodmeriani, 66, 75 e 76, que se encontra na Biblioteca Bodmer, em Geneve, Suiça. O papiro 75 contém os evangelhos de Lucas e João, é datado entre 175 e 225 AD. Esse argumento de que o nome Iesus é coisa de Jerônimo, no fim do século III não procede.
Ensinam que o Pai é Filho e o Filho é Pai: Doutrina sabelianista. Jesus disse: “E na vossa lei também está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou” (Jo 8.17, 18). Essa passagen bíblica, por si só, destrói completamente o sabelianismo e qualquer doutrina unicista. Além disso, encontramos vezes, nios evangelhos, Jesus se dirigindo ao Pai como outra pessoa. Negam, como as Testemunhas de Jeová, a personalidade do Espírito Santo.
O primeiro problema dessa interpretação, para não dizer invenção, é que a pronúncia Yehoshua, não comporta no tetragrama. Diz o fundador do referido movimento: “Essa vocalização foi feita pelo ANJO, não por homens”. Isso que a seita fez não é vocalização, pois as letras hebraicas (ayin) e (shin), que aparecem no nome Yehoshua são consoantes. O problema da pronúncia exata do tetragrama diz respeito meramente com as vogais, e o fundador acrescenta duas consoantes. As letras y (yiud), h (he) e w (vav) aparecem no nome Yehoshua, mas no tetragrama o he aparece duas vezes. O nome (Yehudah) “Judá” traz as quatro consoantes hdwhy, eliminando a letra dalet d fica o tetragrama hwhy. O nome “Judá”, em hebraico, se aproxima mais do tetragrama que o nome de “IEHOSHUA”. Nem com uma camisa-de-força seria possível ser essa a pronúncia exata do tetragrama, é impossível tal pronúncia. Yehoshua não é o nome do Deus de Israel e nem de seu Filho Jesus, mas o nome de dois personagens que são figuras de Cristo: Josué filho de Num e Josué filho de Jozadaque.

O misterioso anjo

Por que o referido Anjo deveria se Josué, segundo a seita? Alegam esses adeptos que isso é pelo fato de o texto afirmar: “o meu nome está nele”. A Bíblia diz que Deus pôs o seu nome sobre os filhos de Israel (Nm 6.27); sobre o Templo de Jerusalém (II Cr 7.15); sobre a cidade Santa e assim por diante. Por que só nessa passagem os adeptos de Ivo dos Santos Camargo afirmam que esse Anjo é Josué? Assim, essa expressão “o meu nome está nele” não justitica a teoria das Testemunhas de Iehoshua.
O Anjo nesta passagem é um ser sobrenatural que haveria de proteger Israel até a total extinção dos amorreus, heteus, ferezeus, cananeus, heveus e jebuseus (Êx 23.23). A fortaleza dos jebuseus só foi conquistada por Davi, mais de 350 anos depois da morte de Josué (2 Sm 5.6-9). Logo esse anjo não pode ser Josué.
Deus se manifestou como anjo diversas vezes. Esse misterioso Anjo aparece a Agar, no relato do nascimento de Ismael (Gn 16.7-13). No v. 10 o Anjo diz: “Multiplicarei sobremaneira a tua semente”. No v. 13 “E Ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és o Deus da vista”. Quem falava com ela era Deus ou o Anjo? Da mesma forma, encontramos na teofania do sarçal ardente: “E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo… e vendo o SENHOR que se virava… bradou Deus… Eu sou o Deus de teu pai… (Êx 3.2, 4, 6). Ora, quem apareceu a Moisés foi Deus ou o seu Anjo? Como se explica isso Esse Anjo, que além de apresentar atributos divinos, diz explicitamente que é Deus. Ele é o Messias pré-encarnado, portanto, o próprio Deus. É esse o significado de “o meu nome está nele”. (Êx 23.21). O próprio Josué teve um encontro com esse Anjo (Js 5.13-15).
Assim fica claro que Yehoshua é um nome e o tetragrama é outro. O que nos espanta é o fato de alguém afirmar de maneira aleatória que “isso é aquilo” sem sustentação alguma baseado exclusivamente no subjetivismo e em cima disso criar uma religião. O pior de tudo isso é que ainda consegue adeptos!

Algumas supostas objeções

Questão da letra j. Diz o fundador das Testemunhas de Iehoshua que o nome correto de nosso Salvador não pode ser “Jesus” por não existe a letra j na língua hebraica. Esse argumento é de uma pobreza franciscana! É verdade que o j não existe no hebraico, grego e latim. No hebraico a letra y yud representante tanto o som vogal i como a consoante y. O mesmo acontecia com o latim com as letras i e u. O emprego das letras j e v para representar i e u consonânticos ocorreu na época do Renascimento, e difundido por Pierre de la Ramée. Por isso lemos Jerusalém, e não Yerushalayim; Jeremias, e não Yeremiahu; Jonas, e não Yonah; Joaquim, e não Yehoiacin; e assim por diante.
O número 666. Alegam que a expressão “Jesus Cristo Filho de Deus” equivale ao número 666, isso para consubstanciar sua teoria de que o nome “Jesus” é satânico. Antes de tudo, convém salientar que, com um pouco de criatividade, é possível tomar o nome de qualquer personagem e adaptar com seus títulos selecionados até que se chegue ao número 666. Isso é possível fazer com o nome do próprio líder do movimento Testemunhas de Iehoshua. Quando se quer rotular alguém de 666 há muitas maneiras de fazê-lo. Se não funcionar em caracteres latinos, pode-se usar caracteres hebraicos. Se um título não encaixar, substitui por outro, ou adiciona mais um adjetivo. Se mesmo assim não for possível, basta criar cálculos cabalísticos. Esse artifício das Testemunhas de Iehoshua só convence quem prefere trevas à luz.
Outro ponto importante é que não existe na Bíblia a expressão “Jesus Cristo Filho de Deus”. Essa construção não é bíblica. A Bíblia ensina inúmeras vezes que Jesus é o Filho de Deus, mas não com essa construção. Colocar essa construção em latim para depois adaptar ao número 666 é um artifício maligno para atacar o cristianismo bíblico. Nome não se traduz. É verdade que nome não se traduz, mas se translitera conforme a índole de cada língua. Os nomes Eva, David e outros que levam a letra w wav, “v” em hebraico aparecem como Eua, Dauid, nos textos gregos. No grego moderno a letra b beta b na antigüidade”, hoje é v. Hoje se escreve Dabid para David e Eba para Eva.
Há nomes que permanecem inalteráveis em outras línguas, mas não são todos. O nome “João”, por exemplo é Yohanan, em hebraico; Ioannes, em grego; John, em inglês; Jean, em francês; Giovani, em italiano, Juan, em espanhol; Johannes, em alemão. Jacó, em hebraico é Yaakov; Iakobo (Tiago), em grego; Jacques, em francês; Giácomo, em italiano; Jacob, em inglês. Há nomes que mudam substancialmente de uma língua para outra. Eliazar, em hebraico, é Lázaro em grego. Elisabete é a forma hebraica do nome grego Isabel. O argumento, portanto, de o nome deve ser preservado na forma original, em todas as línguas é inconsistente, sem apoio bíblico.
Iesus. Alegam que o nome Iesus é uma zombaria do nome de Deus, pois sUs (sus) significa “cavalo” em hebraico. Esse argumento é um insulto à inteligência humana, porque Iesus é nome grego e sus é hebraico. O nome Iesus é a forma grega do nome hebraico Ieshua. Segundo O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, o “s” foi acrescido para facilitar a declinação: “Iesus é a forma gr. Do antigo nome judaico Yesua, forma esta que se obtém mediante a transcrição do heb., acrescentando-se um -s para facilitar a declinação”. “Cavalo”, em grego, é hyppos, e não sus.
Septuaginta. Quanto à Septuaginta, alegam que é uma lenda. É verdade que muitos rejeitam sua origem como descritas por Josefo e Aristéias, mas isso não anula a sua existência. No prólogo do livro apócrifo de Eclesiástico, datado do ano 38 da morte de Evergetes (aproximadamente 110 a. C) menciona a Lei, os profetas e os demais livros traduzidos para o grego. No Novo Testamento, em todos os livros que apresentam citações diretas do Velho Testamento, só nas epístolas a Timóteo e em II Pedro não há citações da Septuaginta. São citações de Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Salmos, Provérbios, Isaías, Oséias, Joel, Amós, Habacuque e Ageu. É correto, portanto, afirmar que a Septuaginta foi citada por Jesus e seus apóstolos.
O nome Iesus, usado várias vezes na Septuaginta para o correspondente hebraico Yehoshua ou Yeshua aparece duas vezes no Novo Testamento grego em Atos 7.45; Hebreus 4.8, em relação a Josué filho de Num. Se os tradutores da Septuaginta mutilaram os nomes próprios do Velho Testamento, como querem as Testemunhas de Iehoshua, como explicar essas passagens do Novo Testamento? Será que os escritores neotestamentários cometeram o mesmo “erro”?
Os manuscritos e papiros gregos do Novo Testamento trazem 15 nomes que são escritos de forma abreviada, são os nomina sacra, são eles: Deus, Pai (quando se refere a Deus) Senhor, Salvador, Filho, homem (na expressão Filho do homem), Jesus, Cristo, céu, Davi, Espírito, cruz, Israel mãe e Jerusalém. O nome “Jesus” aparece de forma abreviada IS ou IC, na forma antiga: primeira e última letras do nome. O nome Josué aparece por extenso nas duas passagens citadas acima. Como o fundador do movimento das Testemunhas de Iehoshua descobriu que o nome escrito originalmente no Novo Testamento grego foi Yehoshua? Ele não acredita na autoridade dos manuscritos gregos? Veja o leitor que essa doutrina é um disparate.

OS DISSIDENTES E SUAS CRENÇAS

Apesar de o movimento ser tão novo, já saiu outro grupo dele. Os dissidentes do movimento, que também se identificam como Testemunhas de Iehoshua, defendem os mesmos princípios do fundador, indo mais além: Negam a autoridade do evangelho de Mateus; ser Jesus o Filho de Deus, dizem que Jesus é filho de José e Maria, negando o nascimento virginal de Jesus, alegam que só após a ressurreição ele “tornou-se” Filho de Deus.

Filho de Deus

Os dissidentes das Testemunhas de Iehoshua catalogam todas as passagens bíblicas que revelam a linhagem humana de Jesus para questionar a sua filiação divina. Isso para consubstanciar a sua doutrina de que Jesus tornou-se Filho de Deus pela sua ressurreição, e citam para isso Romanos 1.4. Onde eles citam tais passagens, deveriam acrescentar as passagens bíblicas que provam ser Jesus o Filho de Deus, mesmo durante o seu ministério terreno, portanto, antes de sua morte e ressurreição, mas isso não o fazem.
A fé cristã nos obriga a crer que Jesus é o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem. Jesus possuía duas naturezas: Humana e divina. A Bíblia está repleta de passagens que mostram o lado humano de Jesus, tanto nas características: Nasceu, cresceu, sentiu fome, sede, cansaço, sono etc., bem como a sua origem humana, traçada desde a genealogia. Isso, em nada neutraliza o lado divino e a sua filiação divina. Disse o apóstolo João: “Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus” (1 João 4.15). “Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1 João 5.5). “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê, mentiroso o fez; porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu”(1 João 5.10).

O evangelho de Mateus

Eles recusam o evangelho de Mateus chamando-o de “Evangelho Duvidoso”, pois se diz que foi escrito originalmente escrito em hebraico e depois traduzido para o grego. Nessa tradução, segundo eles, o texto foi corrompido. Alegam que é o único dos evangelhos que tem o batismo em nome da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo (Mateus 28.19); permissão para o divórcio (Mateus 19.9) salvação pelas obras (Mateus 25.34-36); substancia o papado (Mateus 16.16-19); considera o nascimento virginal de Jesus cumprimento de Isaías 7.14.
Só pelo fato de este grupo rejeitar o Evangelho de Mateus já tem o repúdio dos cristãos. Não é um grupo de pessoas obscuras e de conhecimento bíblico duvidoso que vai por em xeque uma obra que passou por escrutínio da mais alta erudição durante esses vinte séculos de cristianismo. Seus argumentos são artificiais e inconsistentes.
Ainda não está confirmado que Mateus escreveu o seu evangelho em hebraico ou aramaico. Apesar dos fortes testemunhos da patrística, desde o segundo século, contudo, nada há no conteúdo deste evangelho que confirme essa versão. Antes, o contrário, a expressão encontrada nele: “Que traduzido é: Deus conosco” (Mateus 1.23) mostra que não haveria nec”Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Isaías 7.14).
O substantivo hebraico para “virgem” usado nesta passagem é (almah). Isto tem dado espaço para intermináveis controvérsias, principalmente por eruditos judeus e por teólogos “cristãos” modernistas, na tentativa de neutralizar a doutrina do nascimento virginal de Jesus. Alguns afirmam que a palavra mais apropriada para “virgem” seria (b’tulah) e com isso querem dissociar Mateus 1.23 de Isaías 7.14. Nessa linha estão também os dissidentes iehoshuolitas.
A palavra b’tulah aparece 51 vezes no Velho Testamento hebraico e é traduzida 44 vezes por (parthenos), na Septuaginta. Ela pode se aplicar a uma mulher casada (Jl 1.8) o que não ocorre com o substantivo almah, que só se aplica a mulher solteira. W. E. Vine, com base em Joel 1.8, diz que b’tulah nos textos aramaicos tardios era aplicada a uma mulher casada. Isso, portanto, segundo Vine, traria muita confusão: “Não ficaríamos sabendo o que era exatamente o que tinha em mente. Estava se referindo a uma que era verdadeiramente virgem, ou uma que estava desposada, ou uma que já havia conhecido marido? À luz destas considerações, parece que a eleição da palavra almah foi deliberada. Parece que é a única palavra hebraica disponível que indicaria com clareza que aquela a que ele designa não estava casada”.
O substantivo almah aparece 9 vezes no Velho Testamento hebraico (Gn 24.43; Êx 2.8; 1 Cr 15.20; Sl 46 (título, pois a palavra hebraica alamoth é plural de almah); 68.25; Pv 30.19; Ct 1.3; 6.8; Is 7.14). Em dois lugares a Septuaginta traduziu por parthenos, que significa “virgem” (Gn 24.43; Is 7.14). A mesma Rebeca que é chamada “virgem, [b’tulah, em hebraico] a quem varão não havia conhecido”, no v. 16 desse mesmo capítulo, é chama de almah. A Septuaginta foi traduzida antes do nascimento de Jesus (285 a. C., segundo Josefo e a carta de Aristéia). Há muitas controvérsias quanto a essa data. Qualquer que seja, o certo é que foi antes do nascimento de Jesus. A tradução foi feita por rabinos, portanto, entendiam que almah em Isaías 7.14 se tratava de uma “virgem”. Assim era o significado dessa palavra na época.
É muito suspeito que só depois do surgimento do cristianismo que os judeus procuraram reavaliar o significado dessa palavra. As versões gregas do Velho Testamento, que vieram após o cristianismo substituíram parthenos por neanis “jovem”. Áquila era judeu e discípulo do rabino Akiva (morto em 132 AD). A outra versão é a de Teodócio, apóstata do cristianismo, que voltou ao judaísmo (final do segundo século AD); e finalmente a de Símaco, que era ebionita (seita judaica que negava a divindade de Cristo) preparada em 170 AD.
Diz o Dr. Aage Bentzen, nada ortodoxo, contra a nossa linha conservadora, mas admite que parthenos veio dos próprios judeus: “Contra a Igreja os judeus sustentavam que Is 7.14 não fala de uma ‘virgem’ (parthenos), mas de uma ‘mulher jovem’ (neanis). Os cristãos respondiam acertadamente que a tradução parthenos provém de tradutores judeus”. Até hoje, para fazer frente contra o nascimento virginal de Jesus, os judeus, em Israel usam almah para “senhorita”.
Há quem diga que o contexto do Velho Testamento não fornece luz suficiente para o significado de “virgem”, contudo, muitos eruditos afirmam o contrário. Gerard Van Groningen cita cinco autoridades no assunto sobre a palavra ugarítica galmatu encontrada nos documentos de Ras Shamra. Uma dessas autoridades, H. Wolf, em sua obra Interpreting and Glory of the Messiah, p. 450, diz: “Nos três lugares onde glmt, o equivalente exato de almah, é usado, ele refere-se a uma jovem procurada para casamento”.
Gerard Van Groningen apresenta a seguinte conclusão: “Um exame dos materiais disponíveis a estudiosos e peritos, como indicado acima, leva-nos à segura conclusão de que, com base no uso do termo tanto em hebraico quanto em ugarítico o termo almah deve ser traduzido por ‘virgem’. A Septuaginta dá pleno apoio a isto e o testemunho do Novo Testamento (Mt 1.23) dá a palavra final. Isaías disse e pretendeu dizer virgem”.

A Trindade

Tanto as Testemunhas de Iehoshua como seus dissidentes, ambos negam a Trindade, como é característica das seitas. Segundo Jo 17.3, a doutrina de Deus é uma questão de vida ou morte. Jesus classificou o assunto como o primeiro de todos os mandamentos (Mc 12.29).
O nome “Deus” é polissêmico na Bíblia. Aparece com referência ao Pai sozinho, como Deus verdadeiro e absoluto (Fp 2.11), em Jo 1.1: “…e o Verbo estava com Deus…”; com referência ao Filho, como sendo Deus absoluto, com toda a sua plenitude (I Jo 5.20; Cl 2.9; e na terceira parte de Jo 1.1: “…e o Verbo era Deus”. Da mesma forma com relação ao Espírito Santo (At 5.3-4); e muitas vezes esse termo “Deus” se aplica à Trindade (I Co 15.28; Mc 12.32). O mesmo acontece com o tegragrama hwhy (YHWH) “YAHWEH”, ou “SENHOR”, conforme nossas versões do Velho Testamento. Refere-se ao Pai (Sl 110.1), ao Filho (Jr 23.5-6), ao Espírito Santo (II Sm 23.2-3), e à Trindade (Dt 6.4; Sl 83.18).
A Bíblia ensina que cada uma destas pessoas é Deus absoluto em toda a sua plenitude. Contudo não ensina um triteísmo, pois enfatiza a existência de um só Deus. A Trindade, portanto, é a união de três Pessoas distintas em uma só Divindade, e não em uma só Pessoa, pois a unidade de Deus é composta e não absoluta.
Os dissidentes do movimento de Ivo dos Santos Camargo, além de negarem a Trindade, recusam aceitar a autoridade do evangelho de Mateus. A Trindade está em toda a Bíblia e não meramente em Mateus. Nenhum cristão está autorizado a rejeitar certos livros da Bíblia pelas suas peculiaridades. O fato de Mateus ser o único a registrar a fórmula batismal não significa que o texto seja espúrio, pois cada livro da Bíblia sem as suas peculiaridades. Marcos foi o único registrou o moço desnudo que fugiu por ocasião de prisão de Jesus (Marcos 14.51, 52). Lucas foi o único que registrou a origem de João Batista, a infância de Jesus, a parábola do filho pródigo, as passagens do Rico e Lázaro e do Bom Samaritano. João foi o único que registrou o milagre de Caná da Galiléia, transformando água em vinho, a ressurreição de Lázaro, o lava pés etc. Isso, por si só, destrói completamente o interpretação das Testemunhas de Iehoshua.
Quanto à salvação pelas obras, convém salientar que a passagem de Mateus 25.34-36 não diz respeito à salvação. O texto fala do julgamento das nações. O divórcio não é peculiaridade de Mateus, Paulo também admitia o divórcio em certas circunstâncias (I Co 7.10-15). O nascimento virginal de Jesus é também confirmado em Lucas 1.34 “Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?”

Conclusão

Ultimamente tem havido inúmeras inovações no meio do povo de Deus. Tanto fora da Igreja como no seio dela surgem as heresias. O apóstolo Paulo disse que Deus permite que isso aconteça para provar os fiéis (1 Co 11.19). É verdade que cada ser humano tem a liberdade pensamento e de expressão. Tem o direito de expressar seus pensamentos por mais exóticos que sejam. Causa-nos estranheza o fato de esses agentes dessas idéias excêntricas encontrarem adeptos, acharem quem acredite nessas invenções.
Os fundadores de seitas costumam dizer que receberam revelação direta de Deus. Geralmente essas revelações contradizem a Bíblia. Seus adeptos, muitas vezes, deixam a Bíblia para seguirem seus líderes. Isso aconteceu com Joseph Smith Jr, fundador do mormonismo; William Miller, depois Ellen Gould White, com o adventismo do sétimo dia; Charles Taze Russell, fundador das Testemunhas de Jeová; etc., e agora Ivo dos Santos Camargo, com as Testemunhas de Iehoshua.
Todo líder que procura impor uma inovação com base em suas supostas revelações, como doutrina básica de sua religião, deve ser rejeitado. A dona Valnice Milhomens resolveu defender a guarda do sábado porque, segundo ela, recebeu essa “iluminação” quando estava visitando Israel. Agora se insurge contra a ortodoxia cristã. Ainda que, no seu caso, não seja propriamente uma inovação, mas um retrocesso, pois os adventistas do sétimo dia já vem defendendo essa doutrina desde os dias da Sra. Ellen Gould White.
O nosso alerta às igrejas se encontra no apóstolo Paulo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (I Tm 4.16).

Fonte:

Artigo escrito pelo Pr. e Dr. Esequias Soares da Silva
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